2007-12-17

E com dez frases apenas se faz uma coisa sem jeito nenhum...

A Som do Silêncio desafiou-me para fazer um texto utilizando os últimos 10 títulos que publiquei. A sacana...

Gaija do gaijo:Este blog é uma autêntica obra-sobrinha”, disse-me o gaijo, como se aquela treta fosse alguma coisa de jeito!
Gaijo da gaija: E tu, riste-te que nem um perdida, aposto... Ó Januário, faz favor, era um lugar não-fumador, não-parvo, com telemóvel e não hemorroidal. E rapidinho, pá, que já estamos aqui em pé há uma porrada de tempo.
Januário: Quem vos manda vir tão tarde? Já sabem que esta é a pior hora aqui no restaurante...
Gaijo da gaija: A culpa foi desta menina, que nunca mais saia do WC.
Gaija do gaijo: Porque já me estavas a enervar, sempre a resmungar “suas mijonas, suas mijonas”. E não sei porque insistes em vir a este restaurante, é um verdadeiro atraso de vida. Ainda por cima está cheio de criancinhas aos berros! Lá pelo empregado ser teu amigo, não vejo porque temos de aturar isto...
Gaijo da gaija: Porque é que achas que eu peço sempre um cesto de pão a mais? É ver-lhes a cor das goelas e xunfa, um cacete pela bocarra abaixo. Eles que vão “armonizar” a língua para o raio que os parta, se os pais não os aturam, não hei-de certamente ser eu!
Gaija do gaijo: Está bem, mas podíamos perfeitamente ir a outro lado, ouvi falar muito bem do “A Sertã Voadora”...
Gaijo da gaija: Explica lá outra vez qual é a diferença, aquilo é uma autêntica espelunca! Januário, para mim era o bife grelhado, grande e bem passado, e para ela a mesma coisa, mas pequeno e mal passado.
Gaija do gaijo: Não, eu também quero bem passado. E não quero pequeno.
Januário: Afinal, é grande ou é pequeno?
Gaija do gaijo: Venha grande e condimentado, para ver se não sabe tanto a bife. Ou se calhar não sei...
Januário: Decidam-se, pá, tenho outras mesas para atender!
Gaija do gaijo: Olha, o que estiver a sair mais depressa...
Gaijo da gaija: Começas bem, começas... Mas vais comer um bife querendo que ele não saiba a bife? Isso é o mesmo que querer um perfume que cheire a água! Onde pára o império dos sentidos? Deixaste de te te importar com esses pequenos prazeres da vida?
Gaija do gaijo: Não sejas parvo, simplesmente não estou com grande apetite, ainda mais com esta cambada de putos a correr à nossa volta. E os paizinhos não dizem nada, pá! Olha para aquele, a dizer “voa, filho, voa”. Era um pontapé no cu dos dois, isso é que voavam daqui para fora...
Gaijo da gaija: Deixa-o lá, viste bem a cara de infeliz do tipo? Cheira-me que além de ter de aturar o puto ainda deve ter desafios blogosféricos para responder...

2007-12-04

A problemática da introdução do asfalto na Cultura de Espargos em Alguidares de Baixo

Portugal encontra-se desde a passada quarta-feira, mais precisamente às 15:23, num estado de angústia e expectativa só comparável com a exibição do último episódio da telenovela “O meu cão pensa que é um peru de Natal”, saudosa produção dos já falidos estúdios “Com Audiência Criamos Ansiedade”. As consequências dos tumultos então verificados ainda hoje são visíveis, com as pessoas inconformadas com o desfecho que mostrou o Piruças, o cão protagonista, numa travessa com uma maça na boca.

Com efeito, e para grande surpresa de todos nós, a produção de Espargos de Alguidares de Baixo encontra-se seriamente ameaçada, em virtude do progressivo alcatroamento de todas as áreas cultiváveis desta freguesia. Como é amplamente conhecido de algumas pessoas, os espargos de Alguidares de Baixo são localmente famosos por estarem na base da deliciosa gastronomia Alguidarense-baixense, mais precisamente os Pastelinhos de Espargos, o Bolo de Espargos, o Batido de Espargos e outros tantos exemplos, que não me atrevo a mencionar para não me babar ainda mais.

Há quem defenda que a perda desta produção poderá facilmente ser substituída por Alguidares de Cima, mas a esses eu respondo com o meu mais profundo desdém e gargalhada jocosa. Não queiram, caros ignorantes pouco conhecedores da realidade esparguense, comparar Alguidares de Baixo com Alguidares de Cima, a diferença é abismal, de pelo menos 128 metros. E todos sabemos a diferença que um simples metro significa na textura, no paladar, na rigidez de um belo espargo.

Mas voltemos ao motivo causador desta crise sem paralelo, o alcatroamento. Questionada a Junta de Estradas, foi-nos avançada a explicação que tal medida se devia ao facto de os condutores desta freguesia gostarem muito de praticar rally, saindo frequentemente da estrada e provocando uma poeirada tal que perturba a nidificação dos passarocos que infestam as árvores da zona. Assim, para evitar tais práticas, optaram por alcatroar tudo, lixando assim quem se vê sem um palminho de terra onde fazer derrapar a carrimpana. E pode-se saber quem é que se importa com a treta duns passarocos, que nem deixam estacionar debaixo das árvores sem nos darem uma pintura nova? E olhem que aquilo que lhes sai dum cu tão pequenino é corrosivo como o caraças! Era fazer uma caçada, e limpar o sebo a esses bichos, que mais não sabem do que fazer piu-piu-piu e andar a esvoaçar de um lado para o outro!

Mesmo após espancar violentamente o nosso interlocutor da Junta de Estradas, o máximo que consegui foi a promessa de me irem tapar o buraco na estrada lá ao pé da minha casa, onde já entortei uma jante. Como tal, caros leitores, e apesar de vos parecer radical, peço que peguem em armas e se dirijam para Alguidares de Baixo, por forma a impedir esta catástrofe natural, que pode levar à erradicação total dos espargos dum concelho emblemático do nosso país!

Atentamente,
Pafúncio Miguel de Sousa Barnabé
(Presidente da Associação Alguidarense-Baixense de Produtores de Espargos)