2009-02-22

Onde está o Pinóquio?

A Teté desafiou-me, de uma forma honrada e directa, para responder ao desafio “Verdade ou Mentira”, onde devo dizer nove coisas sobre mim, sendo que três são peta.

No desafio dela, poderia jurar pelo dedo mindinho do José Castelo Branco que as incorrectas são a 1, 7 e 8, por motivos que só a mim me dizem respeito.

Quanto às minhas, aqui ficam elas. Eu já:
1º jantei com o Cavaco Silva
2º coloquei as patas em 21 países
3º comi um tomate pensando que era uma uva
4º adormeci numa reunião
5º consegui suster a respiração por 128 segundos
6º li uma enciclopédia inteira
7º comi uma caixa de After-eight num só dia
8º consegui acordar os meus pais com um peido
9º saltei de pára-quedas

Não, não passo a ninguém!

Respostas:
1º Já, eu e mais 257 pessoas
2º Aeroportos contam, certo?
3º Daqueles pequeninos, ainda por cima não o pude cuspir
4º Tanta vez...
5º PETA, o meu máximo foi de 96 segundos
6º Tinha só três volumes, actualizada a 1969, mas marchou toda
7º PETA, por muito que eu goste deste doce, ainda consegui guardar alguns para o dia seguinte
8º Na Galiza isto aconteceu mesmo. Giro foi ver os meus pais embaraçados no dia seguinte, porque pensavam que tinha sido a jove, e mesmo hoje ainda a olham de lado
9º PETA, ainda não

2009-02-07

O drama de Domingos Dias Santos

O Toze desafiou-me para, a partir duma frase, dar largas à imaginação e elaborar um pequeno texto. Toze, Toze, olha que é perigoso pedir-me uma coisa dessas...

“O maior desgosto de Domingos Dias Santos era não saber escrever. A sua vida estava cheia de desgostos, mas todos se resumiam em um único – não saber escrever.” In Ficções, José de Almada Negreiros

Domingos Dias Santos era um palhaço dos grandes. Trabalhava no Circo e tinha precisamente 1,93 metros. Esse era um dos seus desgostos, pois fazia com que a anã Julieta, do baixo dos seus 137 centímetros, o rejeitasse, pois não gostava assim tanto de sexo oral e tinha medo de ser transformada numa espetada humana. Para alguém que se chamava Domingos Dias Santos, Domingos Dias Santos não fazia justiça ao seu nome, uma vez que era ao Domingo que o trabalho apertava, com um show de manhã e outro à tarde.

Aí, Domingos Dias Santos (começo a ficar farto de escrever este nome) colocava o seu nariz vermelho, os seus sapatos esguichadores e inundava a arena com as suas quedas e tropeções, para gáudio da criançada. Pelo canto do olho via Julieta a cavalgar um porco, enquanto lhe afagava carinhosamente as orelhas. Ah, como ele gostaria de ser porco... esse era outro dos seus desgostos, tinha uma paranóia com a limpeza, tudo na sua roulotte tinha de estar imaculado, mesmo o tecto onde batia constantemente com a cabeça, deixando ocasionalmente uns salpicos de sangue. Sim, também tinha desgosto em viver numa roulotte.

Mas o maior desgosto de todos, se não leste a frase inicial, era não saber escrever. Soubesse ele manejar a caneta sem ser para tirar o cerume das orelhas e poderia então dissertar a Julieta, oferecendo-lhe poemas incendiários de paixão. Poderia escrever ao dono do talho, contando-lhe do paradeiro do porco que lhe tinham surripiado. Poderia escrever ao dono do circo, protestando pelo facto da sua habitação ser tão baixa. Mas não o fazia, porque não sabia escrever. E porque é que Domingos Dias Santos não sabia escrever? Porque além de mudo era burro que nem uma porta...